A divulgação do PIB de 1,1% em 2019 gerou diferentes sentimentos de ordem politica que escondeu os elementos fundamentais originários do dado. Para melhor entender o crescimento de 1,1% do produto interno bruto é fundamental resgatar aspectos da dinâmica econômica dos ambientes nacional e internacional, assim como, os seus reais reflexos na economia brasileira.
O país experimentou uma forte recessão em 2015 e 2016, influenciada por questões de ordem política, corrupção e gestão pública de baixa eficiência. A conjuntura internacional também sofreu por conta da desvalorização abrupta do petróleo, fato que restringiu a renda em países produtores de petróleo.
O ano de 2017 trouxe um certo otimismo quanto a recuperação, especialmente porque o ambiente externo apresentou uma melhor recuperação, porém o quadro político interno conturbado inibia um nível de confiança adequado ao aumento do investimento privado. De qualquer forma, o PIB cresceu 1,0% em relação a 2016 indicando um leve início de recuperação cíclica. No ano seguinte as expectativas são melhores, porém a greve dos caminhoneiros, ainda no primeiro semestre no país, causou dificuldades, assim como o ano eleitoral, mas mesmo assim, o PIB ainda cresceu 1,1% facilitado pela dinâmica do ambiente internacional.
Entrando em 2019 com um novo presidente e uma forte polarização política que, temos que reconhecer, tem atrapalhado severamente a evolução dos negócios no país, o ambiente internacional passou a não colaborar com a economia brasileira. As exportações para a América do Sul se deprimiram 20,5% nesse ano, em relação a 2018, devido a crise vivida pela Argentina. Importante observar que a participação do bloco econômico nas exportações brasileiras atingiu 12,4% em 2019. É visível que a crise da Argentina desestruturou a indústria automobilística brasileira.
Um outro continente não menos importante, o Europeu, com participação de 18,86% nas exportações do país, deprimiu as nossas exportações em 12,0% por conta da crise econômica que, nesse momento, já afetava todo o mundo. A queda de braço comercial entre os Estados Unidos e China, considerando também a sua desaceleração econômica no tempo, além do enfraquecimento do PIB de forma generalizado, inibiu o poder de expansão dos negócios mundo afora.
Já o bloco econômico da Ásia, responsável por 41,37% nas exportações do país, não expandiu os negócios com o Brasil em 2019 conforme em 2018, fundamentalmente, pela desaceleração da China que vem buscando reduzir a sua dependência internacional na aquisição de commodities.
Finalmente, problemas internos como o rompimento da barragem de brumadinho pode ser considerado como um grave problema para um país que negocia commodities no mercado internacional e que somado a desvalorização do preço do petróleo, contribuíram para o presente resultado.
Importante ainda relatar que, apesar do pequeno crescimento do PIB, alguns aspectos merecem ser olhados. Por exemplo, o investimento é baixo mais evoluiu nos três anos de 14,6% em 2017 para 15,2% em 2018 para 15,4% em 2019. Também, as despesas do governo apresentaram uma queda de 0,4% enquanto o consumo das famílias apresentou crescimento de 1,8% impulsionado pela informalidade em 2019. A grande preocupação, entretanto, está em 2020 com o quadro de expansão da epidemia coronavírus que tem já paralisa importantes atividades econômicas no mundo, especialmente na Ásia e Europa. Os reflexos são incontabilizáveis e as previsões das taxas de crescimento mundo afora começam a ser revistas para baixo. É aguardar para ver!